sábado, outubro 29, 2005

O eterno retorno




Periodicamente vou a casa. Volto ao granito, ao Castelo do Queijo, à neblina, ao Palácio de Cristal, aos Aliados, às ruelas do bairro da Sé, à Cedofeita, às casas estreitas e de azulejos pequenos, ao farol de Felgueiras, às confeitarias, a Miragaia, ao jardim da Arca d´água, à muralha fernandina, às regueifas, à Fonte da Moura, ao Bolhão, à Rua dos Vanzeleres, à Igreja dos Grilos, ao Carvalhido, ao elevador da Lada, ao homem do leme...
Home, always beautiful home.

domingo, outubro 23, 2005

Extinção


Arte xávega: forma tradicional de pesca, em que um grupo de pescadores num barco a remos lança as redes, para cercar os cardumes, puxando aquelas mais tarde para a praia, com a ajuda de bois.

domingo, outubro 09, 2005

Uma vida inquestionável não é vida que se inveje

Dici che il fiume trova la via al mare
E come il fiume giungerai a me
Oltre i confini e le terre assetate
Dici che come fiume Come fiume l'amore giungera
L'amore e non so piu pregare
E nell'amore non so piu sperare
E quell'amore non so piu aspettare

"Miss Sarajevo", Passengers: Original Soundtracks 1

sexta-feira, outubro 07, 2005

Avaliação do desempenho na Administração Pública

Hoje assinei os tão falados "objectivos". Os meus 4 objectivos são, e passo a citar:
1.Reduzir em 10% o tempo médio de instrução dos processos (60 dias);
2.Reduzir em 10% o tempo médio de execução de informações, pareceres e estudos (30 dias);
3.Elaborar até 31 de Dezembro um relatório contendo os pontos fracos na execução das actividades que lhe foram cometidas, quantificando e temporizando as mesmas;
4. Apresentar até 31 de Dezembro um estudo relacionado com a elaboração dos autos de notícia, no âmbito dos transportes rodoviários.
Período em avaliação: 01-01-2005 a 31-12-2005
Apenas alguns comentários:
1. No dia 4 de Setembro de 2004 assinei igualmente os meus objectivos para o período de 01-01-2004 a 31-12-2004. É sempre refrescante saber, no Outono, o que o Estado exige retroactivamente aos seus trabalhadores. Convém também não esquecer que passei umas boas horas no mês de Dezembro de 2004 a elaborar relatórios semelhantes aos que me foram exigidos para este ano. Não foram lidos e apenas soube que "estavam muito bonitos".
2. Os objectivos que me foram fixados, para o ano de 2004, foram este ano dados sem efeito. Por isso, não fui sujeita a qualquer avaliação por imperativos nacionais insondáveis. Foi-me hoje comunicado que me seria atribuida a mesma nota de 2003 (quando não havia objectivos fixados).
3. Se os objectivos fixados para 2004 não existiram, vou reduzir em 10% a partir de que valor? E mesmo ficcionando a sua existência, como é que eu reduzo 10% aos prazos que eu sempre pratiquei (90% dos actos são praticados no próprio dia e 10% são irreduzíveis por razões estritamente legais) ?;
4. Vou elaborar um estudo sobre os autos de notícia, no âmbito dos transportes rodoviários, com que finalidade? Quem os elabora é um organismo policial sem qualquer espécie de ligação ao meu serviço. Já analisar os autos elaborados pelos nossos serviços não é considerado necessário, pois tal significaria uma afronta aos colegas e à "casa";
5. Se na elaboração de pareceres eu cumpro os prazos e depois eles se eternizam, semanas ou mesmo meses, na secretária de quem os analisa (e não está sujeito a objectivos), para que serve isto tudo?
Mas para se aferir de toda esta idiotice pegada não seria necessário qualquer comentário meu. Bastava observar o clima anedótico e de desprezo à medida que um por um fomos entrando no gabinete da chefia para assinármos o dito contrato (apenas por definição bilateral) com a Admistração Pública, o Estado, a Pátria ou whatever.

quinta-feira, outubro 06, 2005

London revisited


Para a Xana, porque convém que frequentemente nos lembremos que, depois daquele dia 1 de Abril, em Londres, nada é impossível.

Mas tu nem gostas de praia...

Dizem-me isto volta e meia. Sim, é verdade. Eu não gosto de praia. Eu nunca gostei de praia. Vivi a minha infância e parte da adolescência à beira-mar e não me recordo de gostar de praia.
Não gosto de praia ... mas gosto da praia. Gosto da praia, do mar, da areia, do barulho das ondas, do cheio da maresia, de ver os pescadores fazerem-se ao mar, de os ver a recolher as redes. Gosto da praia no outono, no inverno e na primavera. E gosto, cada vez mais, de regressar à minha praia.