quarta-feira, novembro 30, 2005

Um outro tom de azul

Retirado do baú das memórias longínquas de evasão


Sidi Bou Said, Tunis

sexta-feira, novembro 25, 2005

Comparações

“Os Coldplay fizeram um álbum dos U2 ligeiramente como October, sobretudo como The Unforgelattable Fire, um pouco como Achtung Baby, bastante como All That You Can´t Leave Behind. Como October porque às vezes a guitarra e a bateria e o baixo enlaçam-se numa velocidade tensa e que o desejo de melodia não deixa em paz. Como The Unforgettable Fire porque às vezes há um silêncio urbano e nocturno que descende sobre os intervalos entre o computador e o ritmo e percebe-se que o mundo lá fora já é cibernético mesmo quando se fazem canções de amor em FM. Como Achtung Baby porque des-organizam/re-organizam a linguagem electrónica e espalham-se sobre uma superfície pop-rock “tradicional”, num bem sucedido percurso de inversão/mutação, ao transformar o despertar robótico de “computer love” dos Kraftwerk em riff de guitarra Edgiano para alimentar “Talk”. Como All That You Can´t Leave Behind porque X&Y existe na consciência que já não é suportável pensar o pop-rock como extensão pós-moderna – isto é, a nova inocência séria e épica sabe que já não devia ser possível ser inocente, sério ou épico mas sabe como não voltar a sê-lo (…)”.

In Blitz 1076, Jorge Manuel Lopes

Prometi a mim mesma que ia fazer um esforço para não criticar sem pensar pelo menos cinco vezes sobre o assunto … 1, 2, 3, 4, 5 … Chiça penico! Só se tivesse os olhos tapados.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Not really Cold (play)

Será pop, será rock? New Brit Pop é certamente, pois a música por vezes soa assim. Música pautada por uma simplicidade sem pretensões, que atrai essencialmente pela sua emotividade e sensibilidade. E pela paixão maníaca pelo piano, que embala palavras melancólicas sobre vida/morte, amor/perda, o compreensível/o incompreensível.
O palco e os efeitos visuais não trouxeram a inovação prometida. O grupo actua todo de preto (o que exige uma grande coordenação de vestuário), têm aquele delicioso, mas unaware, charme britânico e o Chris Martin tem aquelas pinturas nas mãos e faz aquela coisa no palco - salta realmente alto e, totalmente inclinado, põe as pernas por baixo dele e pega no holofote fazendo-o girar.
Porém, apesar de conseguirem a proeza de estabelecer uma imediata ligação afectiva com o público, saboreamos indelevelmente a sensação de que lhes falta algum conteúdo, garra até.
Para além da música, e apesar da camuflada insegurança e timidez, ainda fazem política sem darem sermões. O que nos dias que correm já não é coisa pouca.
O tempo dirá se não se está a fazer deles mais do que realmente são. O facto de já terem afirmado que são a melhor banda do mundo não augura nada de bom. Ou talvez não…


P.S. Não me voltem a dizer que eles são os novos U2. Pronto, está bem, lá novos eles são.

sábado, novembro 19, 2005

Artistas



It's no secret that a conscience can sometimes be a pest
It's no secret ambition bites the nails of success
Every artist is a cannibal, every poet is a thief
All kill their inspiration and sing about their grief
Oh love

The Fly, Achtung Baby

terça-feira, novembro 15, 2005

Bono vs Jesus

Foram mails sem conta, foram sessões de esclarecimento intermináveis nos locais mais insuspeitos, foram sessões de autógrafos inesperadas (:-). Não, não foi por mérito próprio, mas por causa de um bando de homens, que alguém resolveu apelidar de ubersexuais, e sobretudo por causa do seu expoente máximo, Bono.
Bono, porquê? Pois tenho a dizer-vos que quando o vi, pela primeira vez, em 1987, ao virar da esquina em Paris, já ele me pareceu pouco terreno e quiça até messiânico. Quase vinte anos depois, a popularidade do Mr. n.º 1 não tem rival, não sendo sequer destronado pelo próprio Jesus Cristo, conforme é bem sabido há anos pelos seguidores do mundo inteiro, de entre os quais se destaca Michael Alan Goldberg.
Na verdade, num confronto sobrenatual entre os dois homens mais importantes da história o resultado é inequívoco. Senão vejamos:

Jesus: No sermão da montanha disse a uma pequena multidão “abençoados os pacifistas, pois serão chamados filhos de Deus”. Desde então, o mundo está imerso num infindável número de guerras, perseguições e genocídios, muitos dos quais travados em seu nome.
Bono: No concerto de Red Rocks, debaixo de uma chuva torrencial, e em frente a uma imensa multidão, empunhou uma enorme bandeira branca para simbolizar a necessidade de resolução dos problemas da Irlanda do Norte. Vinte anos depois, o IRA está moribundo e a calma reina na Irlanda do Norte.
Vencedor: Bono

Jesus: Transformou água em vinho.
Bono: Transformou um texto medíocre de Salmon Rushdie numa boa canção, "The Ground Beneath Her Feet".
Vencedor: Bono

Jesus: Entrou em conflito com os Fariseus, condenando-os por serem hipócritas. Encontrou-se com eles algumas vezes, a partir das quais estes o passaram a odiar ainda mais.
Bono: Encontrou-se com os senadores republicanos ultra-conservadores Jesse Helms, Rick Santorum e Orrin Hatch para discutirem soluções para combater o vírus da SIDA. A partir dai Helms chamou a Bono "an enormously impressive gentleman".
Vencedor: Bono

Jesus: Multiplicou algum pão e peixe para alimentar 5 mil pessoas.
Bono: Através de incontáveis organizações de caridade, palestras e concertos beneficentes conseguiu multiplicar a quantidade de alimentos enviados para África, ajudando assim milhões de pessoas.
Vencedor: Bono

Jesus: Ressuscitou Lázaro.
Bono: Ressuscitou os U2 depois do fracasso da Pop Mart Tour.
Vencedor: Jesus, por uma margem mínima

Jesus: Em vida só contou com um pequeno número de apoiantes.
Bono: Já reuniu um número interminável de leais fãs, vendendo quase 150 milhões de álbuns e enchendo regulamente estádios do mundo inteiro.
Vencedor: Bono

Jesus: Foi crucificado uma vez - pelos romanos - por blasfémia.
Bono: Foi crucificado vezes sem conta — por críticos musicais, humoristas, antigos fãs — por ser pomposo.
Vencedor: Bono
Vencedor absoluto: Bono

domingo, novembro 13, 2005

Ubersexual vs Metrosexual


A JWT, a maior e mais antiga agência de publicidade norte-americana, divulgou recentemente que ser “metrosexual” já era, foi à vida, está caput, out.
Agora o que está a dar é ser “ubersexual” (em alemão Uber significa melhor, acima de).
Ora, os ubersexual são os mais atraentes (não só fisicamente), os mais dinâmicos, os mais convincentes da sua geração, os mais confiantes em si mesmos, masculinos, têm estilo e interessam-se verdadeiramente por todos os assuntos.
São, por assim dizer, homens que abraçam os aspectos positivos da sua masculinidade (confiança, liderança, paixão, compaixão, etc.), sem cair nos estereótipos que dão má fama aos homens (nomeadamente, desrespeito pelas mulheres, vazio emocional, completa ignorância em relação a tudo o que não seja futebol e bebida).
Ai vão algumas dicas para os distinguirmos dos passadistas metrosexuais.
1. O ubersexual é apaixonado por causas e princípios; o metrosexual é apaixonado por si próprio.
2. O ubersexual cuidar da mente; o metrosexual cuida do cabelo.
3. O ubersexual considera os outros homens os melhores amigos; o metrosexual é o melhor-amigo-para-sempre das mulheres.
4. O ubersexual é sexy, embora não tenha consciência disso; o metrosexual é narcisista.
5. O ubersexual inspira-se em viagens, arte e cultura; o metrosexual inspira-se no “Esquadrão G”.
6. O ubersexual conhece a diferença entre o certo e o errado; metrosexual conhece a diferença entre tonificante e esfoliante.

Pois a JTW já elegeu o top ten dos ubersexuais. Então, quem destronou o David Beckham? Por ordem decrescente, the ultimate ubers are… Bono, George Clooney, Bill Clinton, Donald Trump, Arnold Schwarzenegger, Barack Obama, Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Guy Ritchie e Jon Stewart. Aleluia!

sábado, novembro 12, 2005

Anton Corbijn, o fotógrafo da música … e não só.

Em tempos perguntaram-lhe se nunca retratava pessoas anónimas. Ele sorriu e respondeu: “Sim, faço-o, mas depois não tardam a tornarem-se famosas”.

E entre os famosos magnificamente capt(ur)ados contam-se U2, Depeche Mode, Madness, Morrissey, Metallica, Herb Alpert, REM, Bruce Springstein, Rolling Stones, Metallica, Travis, Foo Fighters, Coldplay, Nirvana, David Bowie, Johnny Depp, Lance Armstrong e Clint Eastwood.

terça-feira, novembro 08, 2005

A justiça da Igreja Maná

Feita a pergunta, espero ansiosamente pelo referendo aos visados para saber qual das duas hipóteses preferem...

sábado, novembro 05, 2005

XFiles

“Best group and we don´t even exist”. Foram estas as reveladoras palavras do moço Gorillaz ao agradecer ontem à noite o prémio “Best group”(!) dos prémios anuais da MTV Europe Music Awards.
Bem, eu não queria falar sobre a noite de ontem sob pena de, por um lado, destruir a minha conhecida tolerância pelo status quo e, por outro lado, mais uma vez, exercitar a minha conhecida teoria do “U2 DEJA VU”. Mas não consigo resistir, uma vez que o pais fez disto o acontecimento musical do ano e a imitação ser descarada.

1. O écran. Pois o écran foi aquele inventado pelos U2 para a Zoo TV. Écrans com imagens e frases. Só que as frases de ontem nada tiveram de emblemático, sendo unicamente indicativas.
2. A Rainha da Pop abriu a cerimónia saindo do interior de uma gigante bola de espelhos, que se abriu a meio. Na Pop tour, os U2 entravam em palco saídos de um espelhado limão gigante, que se abria a meio.
3. O vocalista dos Green Day (um idiota americano) usa uma grande lanterna na mão quando as luzes do palco se apagam. Preciso dizer mais alguma coisa do que, por exemplo, capa do álbum Rattle and Hum?
4. O Chris Martin, a certa altura, pega no telemóvel de uma fã e começa a cantar ao telefone. Há quanto tempo nós vimos o Bono fazer isto?
5. Os Gorillaz cantaram uma versão da Staring at the Sun, com direito a todas as notas no devido lugar, com todos os pontos e vírgulas (leia-se bemóis e sustenidos virtuais).

Os U2 não era suposto estarem presentes, nem ganharem nada. E os U2, não estiveram presentes nem ganharam nada. Thank God!
Afinal de contas aquilo foi só televisão, o Zoo da TV. Não nos esqueçamos que a MTV é uma empresa com um fim exclusivamente lucrativo, que utiliza uma estratégia/programação milimetricamente delineada, tendo um público-alvo perfeitamente identificado. Os prémios que distribui anualmente são ganhos por quem melhor se encaixa na filosofia do próprio canal, independentemente das pseudo-votações do público.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Competência

Ser competente é enganar(se) seguindo as regras
Paul Valéry

terça-feira, novembro 01, 2005

O (novo) MFA